Apesar de ser a segunda maior economia do país, o Rio de Janeiro tem a sexta maior taxa de desemprego do Brasil, o que revela um contraste preocupante entre a pujança do seu Produto Interno Bruto e a realidade vivida por milhões de trabalhadores fluminenses. No primeiro trimestre de 2025, o estado registrou uma taxa de desocupação de 9,3%, número que o coloca lado a lado com Sergipe, superado apenas por cinco estados do Norte e Nordeste. Essa disparidade evidencia que o crescimento econômico do estado não tem sido acompanhado por uma geração de empregos que beneficie a população como um todo.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, o Rio de Janeiro tem a sexta maior taxa de desemprego do Brasil, enquanto a média nacional é de 7%. Esse número representa a mínima histórica para o primeiro trimestre desde o início da série em 2012, indicando que o cenário nacional está melhorando, mas o estado fluminense ainda enfrenta entraves estruturais. Em comparação, Santa Catarina, com 3%, lidera o ranking das menores taxas de desocupação do país. Já o Rio, mesmo com seu peso econômico, segue apresentando um mercado de trabalho desequilibrado.
A situação se agrava ao considerarmos o histórico do estado. Antes da crise econômica e dos escândalos políticos que afetaram diretamente suas finanças, o Rio ostentava uma taxa de desemprego de apenas 5,8% no fim de 2014, período pós-Copa do Mundo e às vésperas das Olimpíadas. Naquela época, o mercado de trabalho estava aquecido por conta de grandes investimentos públicos e privados. Hoje, o fato de que o Rio de Janeiro tem a sexta maior taxa de desemprego do Brasil mostra o impacto duradouro da crise fiscal, da queda do petróleo e da ausência de grandes projetos estruturantes.
Especialistas apontam que a recuperação será lenta. Para Jonathas Goulart, da Firjan, o estado ainda sofre os efeitos acumulados de crises passadas. A recessão de 2014 a 2016, a operação Lava Jato, o corte de investimentos da Petrobras e o fim do ciclo de grandes eventos comprometeram seriamente a atividade econômica. Com a dependência de setores como petróleo, gás e turismo, o estado ficou vulnerável às oscilações desses mercados. Por isso, mesmo que o Rio de Janeiro tenha uma economia expressiva, o fato de que o Rio de Janeiro tem a sexta maior taxa de desemprego do Brasil mostra que o desenvolvimento não tem sido inclusivo.
Além do desemprego, o estado enfrenta uma informalidade elevada. No primeiro trimestre de 2025, 37,2% da força de trabalho estava fora do mercado formal, número que só perde para o Espírito Santo entre os estados do Sudeste e Sul. A média nacional foi de 38%. Isso demonstra que o Rio de Janeiro tem a sexta maior taxa de desemprego do Brasil e ainda convive com um grande contingente de trabalhadores sem carteira assinada ou CNPJ. Essa realidade limita o acesso a direitos trabalhistas, reduz a arrecadação e aumenta a vulnerabilidade social de milhares de famílias fluminenses.
Casos como o de Karina Larissa Silva Macedo, moradora da Baixada Fluminense, ilustram essa dificuldade. Mãe solo de um filho autista, Karina nunca conseguiu um emprego formal e tem vivido de bicos. Discriminação, baixa qualificação e falta de oportunidades são barreiras comuns enfrentadas por quem vive nas periferias da Região Metropolitana. Essa situação reflete a ineficiência das políticas públicas e contribui para que o Rio de Janeiro tenha a sexta maior taxa de desemprego do Brasil, mesmo com programas de qualificação sendo anunciados com frequência pelas autoridades estaduais.
Outra preocupação mencionada por analistas é o envelhecimento da população fluminense. O estado, ao lado do Rio Grande do Sul, tem um dos perfis demográficos mais envelhecidos do Brasil, o que pode comprometer a produtividade futura e aumentar a pressão sobre os sistemas de saúde e previdência. Marcelo Neri, da FGV Social, afirma que o estado precisa investir em políticas territoriais e educação para reverter esse cenário. Segundo ele, enquanto o Rio de Janeiro tem a sexta maior taxa de desemprego do Brasil, será necessário um esforço coordenado para integrar regiões metropolitanas e melhorar as condições de empregabilidade.
Em resposta, o governo estadual afirma estar adotando medidas para reverter esse quadro. De acordo com a Secretaria de Trabalho e Renda, o estado vive uma retomada econômica “consistente” nos últimos quatro anos, com geração de empregos formais e recordes de abertura de empresas. Entretanto, o impacto dessas ações ainda é insuficiente para mudar o dado de que o Rio de Janeiro tem a sexta maior taxa de desemprego do Brasil. O caminho para um mercado de trabalho mais robusto e inclusivo requer reformas estruturais, investimentos em setores sustentáveis e combate efetivo à desigualdade regional.
Autor: Scarlet Petrovic