O estado do Rio de Janeiro, conhecido como principal produtor de petróleo do Brasil, também está ampliando sua participação na produção de gás natural. De acordo com o estudo “Perspectivas do Gás no Rio 2024-2025”, que será apresentado pela Firjan, o Rio alcançou a marca de 74% da produção nacional de gás, com um aumento de 6% na produção anual, totalizando 113 milhões de metros cúbicos por dia. Esse crescimento é superior ao aumento de 1% registrado em todo o Brasil, que soma 151 milhões de metros cúbicos diários.
Apesar do crescimento na produção, o estudo aponta desafios significativos. A disponibilidade de gás natural caiu em cerca de 5 milhões de metros cúbicos por dia no último ano, resultando em um aproveitamento nacional de apenas 33%. A reinjeção de gás, que chegou a 54% do total produzido, é uma prática comum entre as petroleiras, que optam por devolver o gás ao reservatório para estimular a produção de petróleo, além da falta de infraestrutura para escoar o gás até o litoral.
O presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, destacou a importância do gás natural como um pilar estratégico para o desenvolvimento da indústria e da economia. Ele afirmou que o Rio se posiciona como o hub de gás natural do país, contribuindo para a descarbonização da economia e aumentando a competitividade da indústria local. Essa visão ressalta o papel do gás na segurança energética do estado e do Brasil.
O estudo também revela que as reservas do pré-sal e do pós-sal nas bacias de Campos e Santos foram fundamentais para o aumento das reservas provadas de gás natural no Brasil, que cresceram 46% em 2023. O Rio de Janeiro agora representa 72% das reservas nacionais, totalizando 372 bilhões de metros cúbicos dos 517 bilhões disponíveis no país. Esse potencial atrai a atenção de investidores e empresas do setor.
Para aproveitar esse potencial, o governo do estado tem promovido mudanças regulatórias, criando novos marcos legais para estimular o uso do gás pela indústria nacional. Essas alterações visam incentivar a concorrência no transporte do gás e a atração de novos investimentos em gasodutos. O decreto “Gás para Empregar”, implementado no ano passado, é um exemplo de como o governo busca otimizar o aproveitamento do gás natural e aumentar sua disponibilidade no mercado.
A Firjan aponta que, atualmente, 12 empresas no Rio de Janeiro poderiam migrar para o mercado livre de gás, o que permitiria a compra de gás a preços até 20% mais baixos. Para as indústrias, o gás representa até 30% do custo de produção, e essa migração pode resultar em uma redução significativa nos custos, estimada em R$ 50 milhões por ano para as empresas.
Os investimentos ao longo da cadeia de valor do gás natural nos próximos 10 anos devem superar R$ 150 bilhões, gerando mais de 60 mil empregos diretos e indiretos. Projetos como o gasoduto Raia, que terá mais de 200 quilômetros na Bacia de Campos, e uma planta de biometano no Norte Fluminense, são exemplos de iniciativas que contribuirão para o crescimento do setor.
Apesar das perspectivas otimistas, a Firjan alerta que 2025 será um ano desafiador. A implementação de programas de liberação de gás (gas release) será crucial para aumentar a concorrência e a disponibilidade do insumo no mercado. Além disso, será necessário estabelecer condições regulatórias e tarifárias que tornem o acesso ao escoamento, tratamento e transporte mais competitivo e eficiente, reduzindo a reinjeção de gás e promovendo um ambiente favorável para novas indústrias no estado.