A recente operação que resultou na interdição da refinaria Refit, localizada em Manguinhos, Rio de Janeiro, trouxe à tona um esquema bilionário de fraude fiscal que abalou o setor de combustíveis no estado. A ação, conduzida pela Receita Federal e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), revelou práticas ilícitas que envolvem desde a importação irregular de combustíveis até a utilização de insumos para mascarar a origem do produto.
A principal suspeita é de que a Refit operava como uma “refinaria fantasma”, ou seja, não realizava efetivamente o processo de refino de petróleo. Em vez disso, a empresa importava nafta, um produto petroquímico com carga tributária reduzida, e o revendia como gasolina, burlando o sistema tributário brasileiro. Essa prática resultava em significativa evasão fiscal, prejudicando a arrecadação de impostos essenciais para o estado.
Além das irregularidades fiscais, a operação revelou a utilização de tanques não autorizados e a falta de controle sobre a vazão de volumes, indicando sérios problemas operacionais e de segurança na refinaria. A ANP, ao interditar a unidade, destacou a ausência de evidências de que ocorra efetivo processo de refino na unidade da Refit, reforçando a gravidade das irregularidades encontradas.
A investigação também apontou para o envolvimento de organizações criminosas no esquema. Parte do combustível que abastecia postos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) era produzido na refinaria e distribuído por meio de redes de postos de gasolina e instituições financeiras, como revelado pela Polícia Federal na Operação Carbono Oculto. Essa conexão entre o setor de combustíveis e o crime organizado levanta preocupações sobre a segurança pública e a integridade das instituições.
O impacto econômico da fraude é significativo. A evasão fiscal resultante da comercialização de combustíveis com tributação indevida prejudica a competitividade do mercado formal, que é obrigado a arcar com os impostos devidos, enquanto concorrentes ilegais oferecem preços mais baixos. Além disso, a operação resultou na retenção de cargas de combustíveis avaliadas em mais de R$ 290 milhões, indicando a magnitude do esquema.
Em resposta à operação, a Refit negou qualquer envolvimento com atividades ilícitas e afirmou que sempre manteve rigorosos mecanismos de controle em sua cadeia de distribuição para impedir que seus produtos fossem adulterados ou comercializados por estabelecimentos ligados ao crime organizado. No entanto, as evidências apresentadas pelas autoridades indicam a necessidade de uma investigação mais aprofundada para esclarecer todos os envolvidos e as responsabilidades.
Essa operação destaca a importância da fiscalização e do cumprimento das normas no setor de combustíveis. Fraudes fiscais e conexões com organizações criminosas comprometem a segurança jurídica e econômica do país, além de prejudicarem a confiança da população nas instituições. É fundamental que as autoridades continuem a intensificar as ações de combate a essas práticas ilícitas, garantindo a integridade do mercado e a justiça fiscal.
Em conclusão, a operação que resultou na interdição da refinaria Refit no Rio de Janeiro evidencia a complexidade e a gravidade dos esquemas de fraude fiscal no setor de combustíveis. A continuidade das investigações e a responsabilização dos envolvidos são essenciais para restaurar a confiança pública e assegurar que práticas ilícitas não prevaleçam em detrimento do interesse coletivo.
Autor: Scarlet Petrovic