O estado do Rio de Janeiro enfrenta um cenário desafiador em termos de desenvolvimento socioeconômico, com dados recentes revelando que nenhuma cidade fluminense está entre as classificadas com alto grau de desenvolvimento no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). O estudo, divulgado recentemente, avalia 5.550 municípios brasileiros e coloca o Rio de Janeiro como o único estado do Sudeste sem cidades que atinjam o nível mais alto de desenvolvimento. Este panorama revela as complexidades do processo de crescimento econômico e social no estado e abre um debate sobre as políticas públicas necessárias para reverter esse quadro.
O IFDM é uma ferramenta poderosa que avalia a qualidade de vida nos municípios, analisando três áreas cruciais: saúde, educação e geração de emprego e renda. O fato de nenhuma cidade do Rio de Janeiro figurar no topo da lista do Índice Firjan mostra que, apesar de algumas melhorias, o estado ainda luta para alcançar um desenvolvimento mais equilibrado e inclusivo. A cidade do Rio de Janeiro, embora seja a melhor colocada entre os 92 municípios fluminenses, ocupa a 295ª posição no ranking nacional, o que a coloca em uma posição desafiadora quando comparada a outras capitais da Região Sudeste.
Entre as 92 cidades do estado, um terço delas está classificado com nível baixo de desenvolvimento, e a grande maioria, mais de 60%, se encontra em uma situação de desenvolvimento moderado. Esses dados indicam que a população do Rio de Janeiro, com cerca de 11,7 milhões de pessoas, ainda enfrenta desafios significativos em áreas essenciais como saúde e educação. Embora o estado tenha visto um aumento nas melhorias, principalmente no setor educacional, o progresso em outras áreas não tem sido suficiente para garantir um avanço mais substancial.
Além disso, o município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, é o único do estado a figurar com grau crítico no Índice Firjan, o nível mais baixo possível. Essa classificação reflete a dura realidade enfrentada por muitas áreas do Rio de Janeiro, onde a falta de infraestrutura, a violência e a desigualdade social persistem como obstáculos para o desenvolvimento pleno. Belford Roxo, com sua alta taxa de pobreza e precariedade nos serviços públicos, continua a ser um exemplo da necessidade urgente de políticas públicas focadas em inclusão social e combate às desigualdades.
No entanto, o aumento do IFDM médio do estado, impulsionado principalmente pela melhoria na educação, mostra que o Rio de Janeiro ainda possui potencial para crescer e superar suas dificuldades. A educação, com um aumento de 33,7%, tem sido um dos principais motores para o desenvolvimento social no estado. Contudo, ainda é preciso avançar nas áreas de saúde e geração de emprego e renda, que registraram avanços mais modestos. A saúde teve uma melhora de 13,2%, enquanto o setor de emprego e renda aumentou apenas 1,6%. Esses números indicam que o Rio de Janeiro precisa de investimentos mais significativos nesses setores para garantir que o crescimento seja sustentável e beneficie toda a população.
O crescimento no IFDM também é um reflexo de um esforço contínuo de melhoria nas políticas públicas, mas o estado ainda enfrenta a competição de outras regiões que têm se destacado no desenvolvimento socioeconômico. Por exemplo, muitas cidades de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo conseguiram alcançar melhores resultados em termos de qualidade de vida e desenvolvimento. O Rio de Janeiro, portanto, precisa intensificar seus esforços em áreas-chave como infraestrutura, saúde e segurança para garantir que o progresso não seja apenas pontual, mas sim duradouro e abrangente.
A transformação do estado passa, necessariamente, por um reforço nas políticas de geração de emprego e renda, além de um fortalecimento da educação e da saúde. As iniciativas voltadas para a capacitação profissional, inovação tecnológica e melhoria no atendimento médico devem ser priorizadas, se o Rio de Janeiro quiser se recuperar economicamente e socialmente. Em paralelo, investimentos em segurança pública e infraestrutura, incluindo transporte e saneamento, são fundamentais para garantir uma vida digna e melhorar as condições para os cidadãos do estado.
Por fim, é essencial que o governo do Rio de Janeiro e os municípios adotem uma abordagem mais integrada e coordenada para superar os desafios evidenciados pelo Índice Firjan. Isso inclui a criação de políticas públicas mais eficazes, a atração de investimentos privados e a implementação de soluções inovadoras que promovam um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável. O Rio de Janeiro, com seus recursos naturais, culturais e humanos, tem o potencial de transformar sua realidade e se tornar um modelo de desenvolvimento socioeconômico no Brasil. No entanto, para isso, é necessário um esforço contínuo e uma visão clara de futuro.
Autor: Scarlet Petrovic